Curiosidades Sobre Cadeados na China

Uma caminhada pela história dos cadeados na China

Artigo apresentado pela ASSA ABLOY no site Historical Locks

Introdução

Por questões naturais, é extremamente difícil termos um noção ou visão completa da história dos cadeados neste pais gigante com uma população enorme. Em um viagem exploratória de vários meses viajando por todos os cantos da China continental, na exploração de prédios antigos e em visitas a variados museus e arquitetura clássica, museus culturais e mercados que comercializam antiguidades, sempre na expectativa de encontrar evidências do desenvolvimento dos Cadeados Chineses, o autor coletou informações valiosas, mas ainda incertas.

Uma tese de doutorado neste campo, apresentada pelos autores Hsing-Hui e Hong-Sen Yan em 2004, ofereceram grande e valioso suporte. Embora a tese tenha sido escrita na sua língua nativa, eles apresentaram, felizmente, sumários em inglês de algumas partes específicas. Os autores analisaram cadeados com formato quadrado e com formatos de animais, o tipo e formato com uma haste e conjunto de molas que é o foco principal deste artigo. Os autores acreditam que os cadeados já eram usados na China antiga há vários milhares de anos. Entretanto, os registros históricos dos cadeados e fechaduras chinesas são poucos e, algum tipo específico de literatura sobre o diferentes designs não está disponível.

Da maneira como foi pesquisado, o que nos parece é que as fechaduras mecânicas começaram a serem fabricadas e usadas em algum momento passado na China, ainda antes de começarem na Europa. Os cadeados daqueles tempos eram baseados em mecanismos de fechadura desenvolvidos no séculos II e III pelos engenheiros romanos e foram espalhados pelo exército romano para todos os cantos do gigantesco império. Existem fortes similaridades entre os cadeados da China os da Escandinávia durante a era Viking. Ambas as culturas estavam afastadas de uma influência direta do Império Romano. Muitos dos grandes cadeados de ferro que foram estudados possuem uma característica clara de similaridade com os cadeados árabes dos séculos XVII e XVIII.

Entretanto, também ficou claro que os cadeados com mecanismos de molas na haste eram usados por imperadores e ricas autoridades da Era Jin (de 265 a 420 DC) em diante. Mas como que os primeiros destes imperadores chegaram na ideia de usar cadeados? Ladrões e arrombadores sempre existiram e trancas de portas de madeira já eram usadas como maneira de proteção efetiva na China há tanto tempo quanto o da existência de portas. Aqui particularmente isto fica claro com os portões das cidades chinesas em toda a história.

Naqueles dias, a China estava em franca expansão em direção ao oeste através da renovação de contatos com países como a Índia e o Irã. Ao mesmo tempo, a tecnologia romana e seus desenvolvimentos tinham já se espalhado por estes países também. Muitas destas influências encontraram caminho de volta para a China durante a Dinastia Tang, através do Budismo e do comércio, e foram obviamente adaptadas aos gostos dos chineses.

Estes detalhes de estilo que foram importados são evidentes em artefatos dentro de sepulturas desta era. Influências, impulsos e conceitos tecnológicos do oeste fluíram para a China ao longo destes períodos, particularmente através do comércio ao longo da rota de caravanas oeste leste por mais de 2000 anos, a famosa Rota Real da Pérsia. A rota foi depois denominada de Rota da Seda pelo professor alemão de geografia Ferdinand von Richthofen, ao final do século XIX.

A Rota da Seda era uma das grandes chaves de ligação que permitia o contato cultural entre povos ao longo dela, o caminho entre a Europa e a Ásia. A Rota da Seda se estendia desde a parte leste do Mediterrâneo, passando por Bagdá, Ramadan, Kashi (Kashgar), Minghoshan (Dunhuang) e Xi’na (Changáng) na China. A rota floresceu durante três períodos, durante as dinastias Han e Tang e sob o governo de Genghis e Kublai Khan.

Inicialmente, os cadeados eram, provavelmente, não usados para proteger riquezas, mas simplesmente porque eles eram atrativos e interessantes símbolos de status.

Quando Kublai Khan governou o Império Mongol da China, na segunda metade do século XIII e adiante, ele intensificou os contatos e o comércio com o oeste, e muitos viajantes originários do oeste viveram no país por longos períodos durante este tempo. Marco Polo de Veneza viveu na corte de Kublai Khan por 17 anos e pode muito bem ter ensinado o governante sobre como e porque as pessoas usavam cadeados e fechaduras na sua terra natal.

Na medida em que as chaves se tornaram mais comuns, nós podemos observar, uma vez mais no Norte Europeu, que mulheres casadas foram transformadas em porta chaves. No casamento, a mulher assumia a responsabilidade pela propriedade da família e usava a chave em um local de destaque do corpo como uma espécie de prova de seu poder.

Durante a dinastia Ming (1368 até 1644) e mais tarde, novos materiais e formatos e mais técnicas eficientes foram usadas para a fabricação dos cadeados e fechaduras. Ao mesmo tempo, um tipo primitivo, mas que provou-se seguro, de cadeado com tambor de pinos com dois ou três pinos também estava sendo usado na China. Este era o mesmo tipo de fechadura com tambor de pinos que era usado por toda a Europa e até mesmos em partes da África, mas com raízes no Antigo Egito.

Desde o século XVII e em diante até os dias modernos, nós podemos ver uma grande variedade de cadeados em formato de caixa, alguns apresentavam o bloco levemente curvado e inscrições que eram com o objetivo de trazer fortuna. Ao mesmo tempo, encontramos outros que possuíam formato de pessoas, animais, insetos, instrumentos musicais e outras formas. Todos estes tipos de cadeados usavam o mesmo sistema de haste e molas internas.

Alguns, que tinham o formato de animais, estavam diretamente ligados às figuras tradicionais do zodíaco chinês. A pergunta que fica é se estes eram apenas decorativos ou se também eram utilizados na prática.