Como a pandemia está transformando o E-commerce no mundo
|A pandemia da corona vírus colocou a mercado de e-commerce na frente no segmento de revenda ao consumidor final e até mesmo em alguns mercados B2B. Os impactos são muitos e o mercado brasileiro ainda não nos apresenta dados mais concretos, mas como espelho do mercado americano, podemos dizer que os resultados são paralelos, tanto no que se refere ao crescimento de vendas online, como falências, retiradas de produtos em calçadas e o tráfego na web em geral.
Vendas de E-Commerce
Nos primeiros seis meses deste ano, nos EUA os consumidores gastaram U$ 347,26 bilhões online com compras via internet, um crescimento brutal de 30,1% em relação ao mesmo período em 2019, por volta de U$ 266,84 bilhões, isto de acordo com as últimas análises dos dados do Departamento De Comércio americano. Comparativamente, no primeiro semestre de 2019 o crescimento foi de 12,7% em relação a 2018.
Nos Estados Unidos as compras online representaram um total de 18,6% do total de vendas no varejo no primeiro semestre de 2020.
O pico nas vendas de e-commerce veio como resultado da alteração nos hábitos dos consumidores, principalmente no segundo trimestre, quando aconteceu o pico da pandemia que resultou no fechamento do comércio e com todas as normas reguladoras do “fique em casa.” O primeiro semestre do ano teve uma aceleração somente nas últimas duas semanas e meia, já que o estado de emergência foi declarado no dia 13 de março nos EUA.
Por volta de U$ 200,72 bilhões foram gastos com compras online em revendedores americanos no segundo trimestre, por volta de 44.4% de crescimento em relação ao mesmo período em 2019. Isto aponta que para cada 5 dólares gastos, 1 dólar veio de pedidos feitos na web durante os meses de abril até junho. A penetração do e-commerce atingiu 20,8% no segundo trimestre, uma alta de 14,7% em relação ao mesmo período de 2019 e de 16,2% em relação ao primeiro trimestre de 2010.
Em um comparativo de ano por ano as vendas online diminuíram em julho, o primeiro mês do terceiro trimestre e exatamente quando muitas lojas abriram ao redor do país, isto se compararmos com junho (dados da Adobe Analytics). As vendas de e-commerce subiram 55% para U$ 66,3 bilhões em julho se comparadas com julho de 2019, o que é uma clara redução de junho de 2020 quando estas mesmas vendas foram de de 76% ou U$ 73,0 bilhões, comparados dados ano por ano.
Os dados da Adobe são baseados em mais de 1 trilhão de visitas anônimas online em sites de revenda e varejo, incluindo 80 dos 100 maiores revendedores no varejo e cobrem mais de 100 milhões de itens diferentes.
Falências de revendas no varejo como resultado da pandemia
21 Grandes revendedores americanos pediram concordata em 2010. 17 destes grandes revendedores pediram durante a pandemia e o surto da COVID-19 em razão dos Lockdowns e fechamento de lojas que praticamente drenaram todas as vendas forçando algumas companhias que já estavam lutando para manter-se como a J.C. Penney Co. Inc., J. Crew Group Inc. e a Neiman Marcus Group Inc. diretamente para a falência.
Mais recentemente, um revendedor de varejo de baixo preço, a Stein Mart pediu também concordata em meados de agosto, fechará todas as 279 lojas nos EUA. A Stein Mart deverá vender suas operações de e-commerce e todas as propriedades intelectuais relacionados durante seu processo de liquidação, informou a companhia. A Stein Mart é a numero 478 entre as top 1000 da Digital Commerce 360.
A mais antiga loja de departamentos dos EUA, a Lord & Taylor também abriu falência no início de agosto. A proprietária da Lord & Taylor, revendedor no varejo somente via web, a Le Tote Inc., também pediu em conjunto com a cadeia. A Le Tote (Nº 835) comprou os direitos das lojas da companhia, marca e sites de e-commerce da proprietária Hudson’s Bay Co. na Fifth Avenue, por U$ 71 milhões no ano passado.
A Tailored Brands Inc. (Nº 150), que é proprietária da Men’s wearhouse e Jos. A. Bank, pediu concordata no começo de agosto também, depois da implantação de medidas de lockdown que mantiveram seu funcionários em casa, colocando um freio na demanda por novos ternos.
Retirada na calçada
Fechamentos de lojas, lockdowns ao redor do país e o medo de contrair a corona vírus são as razões que vêm mantendo longe das compras em lojas. Como resultado disto, muitas lojas de varejo criaram o “Retira na Calçada”, como uma maneira de levar produtos aos consumidores de maneira mais segura. Embora a omnicanalidade seja uma tendência em crescimento pelos últimos dois anos, muitas lojas de varejo lançaram a “Retirada na Calçada” em uma tentativa de minimizar as perdas na pandemia.
Por volta de agosto de 2020, 43,7% dos 245 vendedores de varejo com lojas no ranking dos Top 500 já ofereciam a Retirada de Calçada, um aumento acentuado dos 6,9% ao final do ano de 2019.
Mais recentemente, a BJ’s Wholesale Club (Nº 333) anunciou em 21 de agosto o lançamento do sistema de retirada de calçada sem contato para todas as suas lojas de varejo.
E tem mais, grandes lojas de varejo que ofereciam o sistema de retirada na calçada antes da pandemia explodiram em consumidores usando o sistema no segundo trimestre. Target Corp. (Nº 12) informou que os pedidos preenchidos através do sistema de retirada de calçada cresceram 734% no seu trimestre fiscal que finalizou em 1º de agosto. Da mesma forma a Home Depot Inc. (Nº 5) teve também crescimento de três dígitos nas suas entregas de calçada durante o segundo trimestre que finalizou em 2 de agosto.
O tráfego da Amazon durante a pandemia
A Amazon e o maior varejista online das Américas e continua a aumentar seu tráfego no site, mesmo quando todas as normas de “fique em casa” começam a ser retiradas e as lojas começam a reabrir suas portas. Em julho o crescimento do tráfego estava em alta de 28,1% comparado com fevereiro de 2020 e com crescimento d 8,7% comparado com o ano anterior, isto de acordo com a análise da Digital Commerce 360 de todos os dados de tráfego mensurados pela empresa Similar Web. É importante salientar que o tráfego da Amazon está em crescimento de um ano para outro, mesmo a Amazon tendo postergado a sua data anual de vendas Prime Day, que ocorreu em julho de 2019 e agora acontecerá somente ao final de 2020.
Foi feita a comparação do tráfego mensal para o mesmo mês do ano passado e também com o de fevereiro de 2020. Isto permitiu comparar o comportamento do consumidor logo depois que a pandemia atingiu os EUA.
Observando o crescimento do tráfego a Amazon mês após mês, as visitas totais em junho estavam em baixa de 5,4% comparadas com maio – o único mês desde fevereiro que caíram. Em julho subiu 8,7% se comparado com o tráfego de junho.
O marketplace da Amazon
De acordo com as últimas estatísticas os marketplaces americanos venderam 3,4 bilhões de produtos em 12 meses, até 31 de maio de 2020 – no momento que marca o início do pico da corona vírus. Durante o mesmo período, os comerciantes que usam o marketplace da Amazon fizeram uma média de U$ 160.000 em vendas anuais, comparados com U$ 100.000 no mesmo período do ano passado. Relatório da Amazon nos seu Small Business Impact Report (Relatório de Impacto em Pequenos Negócios).
Desde a metade de março, os vendedores em marketplace atingiram “vendas recordes”, informa a Amazon. Embora a empresa não tenha especificado os valores para o mercado americano, esta afirmou que o seu marketplace é responsável por mais de 50% de todas as unidades vendidas na Amazon, e que estas vendas continuam a superar as vendas próprias da empresa. (As vendas próprias da empresa são o seu inventário que é de propriedade desta, incluindo marcas privadas e produtos que a Amazon revende de fabricantes e marcas).
O impacto no mercado nacional
O e-commerce no Brasil ainda está longe da força e da grandiosidade do mercado americano, mas está em franca expansão. Um fato que salta aos olhos é o avanço da confiabilidade do consumidor brasileiro nas compras online.
Se tivermos algo a destacar, que se originou com a pandemia, foi um novo público consumidor, neste momento muito mais propenso a utilizar a web para suas compras. Uma parcela significativa destes novos consumidores ganharam confiança e experiência online, e veio para ficar.
Todos os índices apontam na direção do crescimento e resultados ainda mais significativos, em termos proporcionais, do que os obtidos no mercado americano.